sábado, 14 de janeiro de 2012

Ausência

Esse negócio de escrever sobre a ausência é meio esquisito
estranho escrever sobre algo que só se constitui pelo não ser, não-estar
Falta de alguém querido, capaz de gerar as mais profundas angústias
Mas afinal, o que significa sofrer com a falta?
Até que ponto é legítimo sentir os efeitos que um não-estar-junto causa em nosso peito?
Serão todas aquelas angústias e desejos de se acercar do distante válidas enquanto sentimento?
Às vezes acho que a ausência é parente do amor
Por mais que se trate de um sentimento tão difícil de aceitar...
Pois mais do que sintoma, ela é efeito direto que o amor causa
Como se ao mesmo tempo servisse pra provar que o amor existe, mas que também faz chorar quando ele não está
Mas a ausência tem poder, porque é ela que gera ação
Ela é um dos vetores pelos quais o amor se faz sentir... sim, porque o amor não só se constrói de sentimentos que alegram o peito... estes só se fazem quando a ausência se afasta, mas voltam à memória quando ela está presente e outros sentimentos entristecem o peito. É aí que ela gera a busca para a sua própria superação
A ausência é o lado imperfeito do amor