sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

É necessário saber a hora de parar ou sobre a compulsão de uns pelos outros através de si mesmo

Tem certas coisas que te viciam
você começa a fazê-las meio que por brincadeira,
para ter um pouco de diversão naquele momento.

Certo tempo passa e você continua naquilo,
às vezes por falta de outros estímulos,
por falta do que fazer e/ou porque está divertido.

Quando você vê, aquilo já se tornou uma coisa compulsiva
você começa a esquecer do resto, passa a planejar a vida em torno daquilo
e fica dependente do elo que você mesma criou, sem que se desse conta
aos poucos, você percebe que a coisa não está te fazendo bem e que a culpa é sua.

Alguns, por falta de coragem ou acomodação, não deixam o vício
mas eu sei a hora certa de parar
aprendi a me respeitar,
para lutar contra essa complusividade é preciso, antes de tudo, jogar tudo pro alto e repensar: você, os outros, as coisas
e se perguntar: para onde mesmo que eu estava indo antes disso tudo começar?
O que é que eu queria afinal?

Retomo, enfim, a caminhada, a minha trajetória, sem medo de olhar pra frente e sem vontade de olhar pra trás

domingo, 30 de novembro de 2008

Vontades

HÁ ALGUNS MESES:

Como fazer para dar conta de certos anseios?? Vontades que deixam a gente de pernas pro ar, sem saber ao certo como agir e o que falar...O que seria se... isso e aquilo... Como seria depois? O que seria de mim?

Devo ouvir atentamente estes anseios e lutar por concretizá-los ou estes são do tipo que é bom tê-los apenas em pensamentos, na imaginação, pois lá ficarão guardados certamente num cantinho especial da memória, sem risco de decepções e tristezas, fruto de arrependimentos desnecessários?

Ou a vida exige que corramos atrás de tudo que temos vontade, sem medo de errar?

HOJE:
Vontades existem para serem realizadas, se não todas, pelos menos as mais fortes. É necessário, às vezes, aprender a reconhecer estas vontades, entendê-las, decodificá-las e seguir em busca de sua realização.

Minhas vontades estão deixando de ser escassas. É preciso realimentar a nossa força vital com coisas que nos façam sentir bem, com pessoas, com risadas, com beijos. Enfim, com o contato com a vida. É preciso viver, e não apenas existir.

Seria muito fácil idealizar desejos e anseios, longe de sua concretização, fica mais fácil fugir da possível decepção. O "elemento combustível" do qual falei alguma vez está na vida. O mundo da idealização não tem o prazer da vida, pois não há contato com o outro. E é dessa troca de energia que precisamos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Quero viver, quero ouvir, quero ver

quero viver em busca do que é verdadeiro,
agir e ser compreendida, percebida.

quero que meus atos penetrem na compreensão dos outros,
que mereçam uma contra-ação , uma reação,
mas que sejam executadas verdadeiramente,
sem parecer uma convenção simplesmente
ou um teatro mal disfarçado de marionetes.

sei que essa busca exige a potencialização de uma força interior
que sempre viveu à meia-luz, meio fraca,
como uma chama em seus últimos momentos.

mas é essa chama -a da intensidade - que tem que ser recuperada
para que cada momento possa ser vivido da forma mais digna possível
e possa ser recordado e refletido posteriormente
sem que a chama se apague.

preciso correr atrás de algum elemento combustível

domingo, 28 de setembro de 2008

Anda, anda, anda: reflexões sobre "linha de passe"

"O buraco é mais embaixo" - foi isso que pensei ao final do filme, que termina justamente com essa fala, que dá título a essa postagem...
O persongem caminha, sem parar, desesperado, impulsionando-se por esse imperativo - o mesmo utilizado pelo pastor, poucos minutos antes, para uma mulher que não consegue andar.
Como se esse impulso fosse a única alternativa que ele ainda tem, para continuar acreditando que vencer de forma "honesta" é possível...
Como o filme termina aí, não sabemos o que vai acontecer... sabemos que a mulher não voltará a andar e que seus irmãos já deslizam pelas fronteiras tênues que separam o "certo" do "errado", o bom do mau caminho - coisa que já aconteceu com ele, mas que ele não quer que volte a ocorrer.

É realmente peciso muita força de vontade aos nossos persongens reais para "sobreviver na adversidade", muita atitude e "procedimento" para saber deslizar entre os dois lados já a situação limiar é fato que não pode, sem muito esforço, ser superado...

Estou cansada... embora não em situação limiar, sinto-me necessitada desta força, deste impulso para continuar "andando" e para acreditar que nossos personagens reais poderão, algum dia, terão a chance real de "andar" por aí, de cabeça erguida, passar a bola e fazer o gol.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

cercar, cincir, conter, abranger

Teu corpo armadura do meu
Via de mão única
por um instante
não me deixou fazer coisa que não fosse te abraçar

E sentir irrompidas todas as distâncias formais
efeito anestesiante da noção de mim
pois a memória se ocupou em registrar
a sensação de arrepio que castiga o juízo e a razão

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Vai descer! 5701 Metrô Conceição-Estação Berrini CPTM: diário de bordo

A fila desmembra-se em duas. Quem chega, tem que ir para a segunda, pois a primeira é destinada àqueles passageiros que serão os próximos a embarcar e a outra para os que embarcarão somente na próxima viagem, devido nem tanto ao baixo número de assentos, mas à falta de espaço no corredor – fato claramente lamentado pelos cobradores, que desejariam formar três filas dentro da perua. Quando os da primeira fila subirem, a segunda se transfere para o espaço da primeira, tornando-se primeira e possibilitando que uma nova fila surja.
De dentro da lotação o cobrador é mais do que o co-piloto. Além de ajudar o motorista, avisando quando as portas podem ser fechadas, colocando a mão para fora da janela para facilitar a mudança de faixa, ele ajuda senhoras e senhores de idade a descer e subir da lotação, passando o cartão para eles e girando a catraca, avisa aos perdidos aonde se situam os locais nos quais devem desembarcar e colocando bolsas, malas e outras bagagens na parte da frente da lotação para que os carregados possam passar no meio dos outros sem causar. No final da viagem, eles descem e o cobrador entrega os pertences pela janela. Além disso, ele também é o responsável por zelar pela ordem e dentro da perua nos momentos mais críticos, controlando até que ponto os passageiros de fora podem embarcar, numa espécie de “apertômetro” – até que ponto a pressão do aperto dos outros e do contato com o corpo alheio não é prejudicial à integridade física própria. Este senso é variável e, às vezes, tem-se a impressão que está desregulado:

“vamos subindo mais um degrauzinho para poder fechar a porta”

“pessoal aí do fundo, dá mais um passinho pra trás por favor, pra quem está na catraca poder passar”

“quem ta aqui na frente e vai descer, já vai passando pra trás porque não pode descer pela frente”

“ fecha a dois”

A “dois” seria a porta da saída, a mais controlada nos momentos de lotação, para que espertinhos não resolvam entrar por trás e não pagar passagem. Vez ou outra, quando a situação é muito crítica mesmo, é até permitido que os passageiros embarquem por trás, contanto que, antes disso, entreguem o cartão pela janela ao cobrador, que o passa no visor e gira a catraca, contabilizando a passagem. E assim a viagem decorre, de ponto a ponto, às vezes um pouco apressada, realizando o motorista manobras arriscadas em alta velocidade. As viagens são cronometradas, têm um cronograma de horários que precisa ser cumprido, principalmente quando se trata da última viagem do dia. Olho pela janela. Um tanto quanto distraída, quase me esqueço de dar o sinal. A porta já se abriu. Apressada, passo por entre os passageiros em pé, cheios de sacolas, bagagens e mochilas, e grito ao cobrador: “Vai descer!”

sábado, 23 de agosto de 2008

Reencontro com Frau Kahl, me redescobrindo

Essa noite acordei em lágrimas.
É que de fato, no sonho, eu chorava.
Choro de alegria e de emoção por rever uma pessoa que até então eu julgara sem muita importância em minha vida, mas cujo reencontro me trouxe uma série de lembranças e sentimentos.
Era Frau Kahl - minha antiga professora de matemática da Henri Dunant Realschule.
Se ela tinha uma aprência dferente da real no sonho, nao impota. Eu viera trazer o meu irmão para cursar a 9ª série e acabara de colocá-lo dentro da sala de aula. Havia conversado com seu professor sobre ele - algo que não havia acontecido comigo, quando esta situação realmente aconteceu.
Até hoje me lembro deste dia - um dos mais marcantes e desafiantes da minha vida: eu lá, em frente à porta da sala de aula, acompanhada por meus pais e pelo diretor, mas teoricamente sozinha, pois ninguém poderia falar nada por mim.
Tímida, fui chamada a entrar na sala por Frau Kahl, que pega um giz e pede qwue eu escreva meu nome na lousa ao olhar dos alunos atentos.
Depois, o tempo foi passando, eu fui me acostumando àquela sala, aos colegas estrangeitos e fui aprendendo o alemão, embora falasse muito pouco com todos e ficasse muito na minha durante todo o tempo.
Ah! Como eu queria poder falar bem para poder contar um monte de coisas àquela sala...
Certo dia, tive que vir embora para cá. No último dia de aula, Frau Kahl veio até a minha casa despedir-se de mim, já que a confusão da escola e outros imprevistos haviam-na feito esquecer deste meu último dia de aula.
Na hora da despedida, eu chorei. O mesmo choro compulsivo e infantil do choro do meu sonho, no reencontro. Choro que simbolizava não só uma sensação de não ter feito tudo o que queria e que teria que haver uma outra vez para mim, uma vez em que fosse diferente e que eu pudesse mudar de atitude. Mas também, choro que, de alguma forma, simbolizava o meu muito obrigado por tudo, em meio àquela situação adversa que havia enfrentado.
Talvez enquanto adolescente, eu não tivesse percebido aquilo no momento e mal chegava a dar tanta importância Frau Kahl, perto de algumas outras colegas que tive.
Mas o sonho me fez reviver um reencontro que eu não tive a oportunidade de realizar na segunda vez que estive por lá. Hoje vejo que gostaria mesmo de tê-la reencontrado...
O que fiz por meu irmão no sonho tratou-se de uma prova para mim mesma que eu consegui reescrever a minha própria história de uma outra maneira. Uma questão pessoal.
Pois a sensação que eu tinha ao deixar a Alemanha pela primeira vez era de impotência: o tempo havia passado e eu não conseguira, ao meu ver, me mover muito. Mas nao, hoje vejo que venci. mesmo com ressalvas, venci ao superar as dificuldades que se colocaram para quem é de fora e totalmente diferente.
A minha volta ao país foi não só uma maneira de reviver todo aquele sentimento, mas com a vantagem de agora acreditar mais em mim - acreditar que dessa vez seria diferente e que eu aproveitaria mais todas as chances. De fato, a segunda vez foi só um complemento à primeira e hoje eu sei disso mais do que nunca.
E o sonho veio como uma oportunidade de demonstrar que eu havia vencido à pessoa que eu não havia tido a oprtunidade de reencontrar nessa segunda vez.
Hoje, como professora em formação, entendo o seu papel em minha vida e envio o meu Vielen Dank Frau Kahl. Aonde quer que você esteja.

domingo, 17 de agosto de 2008

Quero sepultar para sempre as aflições e agonias dentro de mim quando penso em você e vejo a sua presença
Sentimentos estes causados propositalmente por mim mesma, num jogo masoquista de querer sentir dor
Sintomas psico-somáticos do meu próprio desejo de sentir algo, para afirmar para mim mesma que sinto algo por você
ilusão minha pensar que algum dia seria possível deixar esse desejo fluir por minhas entranhas e satisfazer-se plenamente
alucinação minha em pensar nas formas mais alternativas possíveis de completar essa satisfação
nao, o antídoto contra o veneno não tem efeito para os próprios animais peçonhentos, ainda mais quando é mal feito.
Nao, esse desejo não exite. Fui eu quem o inventou, para ver se conseguia remexer dentro de mim mesma algo que me fizesse sentir desejada.
Hora de enterrar definitivamente essa miragem deslumbrada por um fantasma inventado. dentro de mim.
Hora de buscar desejos mais concretos e externos a mim.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

tic tac da indecisão

não há coisa mais irritante do que não saber o que fazer
do que ter que optar entre uma coisa ou outra em um perído mínimo de 30 minutos
afinal, o drama refere-se ao medo do arrependimento posterior à escolha.

- "não, eu não quero ficar aqui. não aguento mais ter que ficar sozinha, defrontando-me com meus próprios pensamentos, angústias e armadilhas para escapar dos mesmos";

- "mas se você sair, assim sem avisar, talvez não dê certo. Quem garante que não vai ser mais angustiante depois, saber que se perdeu tempo à toa e não se conseguiu o que queria?";

- "pelo menos eu não fico sozinnha e sempre há algo de novo para me animar";

- "se você não está bem, não conseguirá ficar bem é desempenhar bem a sua atividade. Vai acabar não dando certo";

O tempo reservado à reflexão corrói ainda mais os meus pensamentos, a cada minuto que olho no relógio vejo o tempo passar e a dúvida aumentar...

"tenho mais dez minutos para pensar e me decidir"

Ao final, o lado escolhido ganha vantagem em relação ao outro não por uma suposta superioridade racional justificada, mas por ser a opção mais segura dentre ambas, cujo resultado se sabe que ruim não poderá ser.

"o que ia fazer hoje posso fazer outro dia".

"Não precisa tanta pressa"

"o tempo está horrível. Vale a pena sair de casa assim?"

"melhor ficar aqui mesmo. coisa pra fazer é o que não falta".