sábado, 18 de abril de 2009

incompletude

Nunca fui saudosista de minhas antepassadas
Tampouco tive vontade de viver em outra época
Mas confesso que deve haver algo de errado com o espírito do nosso tempo

Antes, a única preocupação era arrumar um noivo
Hoje, vejo as mulheres se matando de trabalhar, para poder provar que são independentes
Muitas se aborrecem por estar fazendo uma coisa que não sabem bem se é o que querem
Outras nem têm tempo para pensar nisso.
O importante é ter um salário para poder satisfazer seus luxos.
Não vejo nada de mal no luxo em si
Mas não gosto de ver tanta gente lutando tanto, contra si e dentro de si para mudar
Para fazer planos para um futuro pré-programado
Sem sonhos, sem riscos, sem novidade

Fico me perguntando, afinal, qual é o sentido de tudo isso?
Vale tanto assim lutar para juntar dinheiro, para ter um lar, para construir uma vida de classe média?
Não seria mais fácil pensar em ganhar só o que se precisa para viver?
Um aluguel, umas roupas, umas viagens, uns restaurantes de vez em quando, alguma diversão?

Porque de repente, a vida passa e a gente fica velho e vê que tem um monte de coisas que a gente lutou para conquistar... ah, como essas conquistas fizeram a gente sofrer, a gente amargurar, a gente sufocar os sonhos de arriscar um pouco mais....

Se não foram as risadas
Se não foram as viagens
Se não foram as baladas
Se não foram os amigos
Se não foram os amores
Tampouco as posses os serão.

Qual o sentido de nos aborrecermos com tão pouco?
de lamentarmos o possível fracasso de nosso enorme esforço para demonstrarmos nossa produtividade e utilidade, para mostrarmos que estamos ralando e conseguindo resistir bravamente, apesar de tudo?

No final tudo aprece tão à toa... parecemos figurantes, uns marionetes bestas aqui que vieram e não fizeram anda para tornar a sua vida e a dos outros um pouco mais interessante.

Um comentário:

Adoniran Leblon disse...

Aposto fácil que uma pessoa mais velha ouvindo de ti essas questões diria logo: "você ainda é muito nova... quando for mais velha vai amadurecer e entender certas prioridades são importantes".

Quais prioridades? Carros? Uma carreira melhor, e depois outra melhor, e depois outro posto melhor, ao custo de nunca ter tempo de viver uma vida que o emprego melhor nunca vai conseguir pagar?

Mas há defesas. Eduardo Galeano não é mais tão criança assim, mas a julgar por este depoimento (http://www.youtube.com/watch?v=dlF3hiudcKg) duvido que ele discordaria de você.

E ainda além: qual o sentido de trabalhar para ter cada vez mais bens e mais dinheiro e menos tempo? E ainda mais além: qual o sentido de viver feliz e ter muitos amigos e não ter certezas e seguranças?

E finalizando: qual o sentido de precisar que a vida faça algum sentido?

Viva em paz com sua vida, que já isto um sentido e tanto! No mundo cabem pessoas de sentidos diferentes...