quarta-feira, 8 de julho de 2009

invenção de pensamentos

O clima era quente - não aquele calor que incomodasse a alma e os sentidos - mas o que proporciona um alívio ao se chegar num lugar mais fresco, quando os movimentos cessam...
Caminho debaixo do sol, ao longo de ruas, atravessando multidões sem deixar de observar alguns detalhes que alguns de transeuntes deixam transparecer de forma menos implícita.
A observação dos outros, da vida correndo, do tempo passando em meio às atividades do dia-a-dia dos outros me acalma. Gosto de parar por segundos para dar espaço á manifestação de meus devaneios que surgem destas observações. Gosto de coisas - de ficar imaginando-as para além de sua condição de objetos - gosto de vê-las interagir com humanos, de fazê-los agir, de serem as fontes da ação. Dá a sensação de que, por mais sozinha que esteja, seja acompanhada por "outros", pois cada ação minha está ligada a uma série de múltiplos encadeamentos que envolvem coisas e pessoas.
A solidão desdes momentos se estende até quando eu tiver que ser interrompida para fazer algo. Mas enquanto esse momento não chega delicio-me com a miríade de mundos e histórias que crio dentro de mim, muitas vezes inserindo-me intrinsecamente nas vidas dos outros, de uma maneira até covarde, pois eles mal podem imaginar que me deram essa liberdade. Gosto de histórias - de acompanhar seus desdobramentos, de me imaginar nelas.
Paro por um instante, fito-me no espelho e é como se compartilhasse comigo mesma os segredos que eu não me canso de inventar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Brigado Claudinha... seu texto é curativo :)

Rapha