"O buraco é mais embaixo" - foi isso que pensei ao final do filme, que termina justamente com essa fala, que dá título a essa postagem...
O persongem caminha, sem parar, desesperado, impulsionando-se por esse imperativo - o mesmo utilizado pelo pastor, poucos minutos antes, para uma mulher que não consegue andar.
Como se esse impulso fosse a única alternativa que ele ainda tem, para continuar acreditando que vencer de forma "honesta" é possível...
Como o filme termina aí, não sabemos o que vai acontecer... sabemos que a mulher não voltará a andar e que seus irmãos já deslizam pelas fronteiras tênues que separam o "certo" do "errado", o bom do mau caminho - coisa que já aconteceu com ele, mas que ele não quer que volte a ocorrer.
É realmente peciso muita força de vontade aos nossos persongens reais para "sobreviver na adversidade", muita atitude e "procedimento" para saber deslizar entre os dois lados já a situação limiar é fato que não pode, sem muito esforço, ser superado...
Estou cansada... embora não em situação limiar, sinto-me necessitada desta força, deste impulso para continuar "andando" e para acreditar que nossos personagens reais poderão, algum dia, terão a chance real de "andar" por aí, de cabeça erguida, passar a bola e fazer o gol.
domingo, 28 de setembro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
cercar, cincir, conter, abranger
Teu corpo armadura do meu
Via de mão única
por um instante
não me deixou fazer coisa que não fosse te abraçar
E sentir irrompidas todas as distâncias formais
efeito anestesiante da noção de mim
pois a memória se ocupou em registrar
a sensação de arrepio que castiga o juízo e a razão
Via de mão única
por um instante
não me deixou fazer coisa que não fosse te abraçar
E sentir irrompidas todas as distâncias formais
efeito anestesiante da noção de mim
pois a memória se ocupou em registrar
a sensação de arrepio que castiga o juízo e a razão
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Vai descer! 5701 Metrô Conceição-Estação Berrini CPTM: diário de bordo
A fila desmembra-se em duas. Quem chega, tem que ir para a segunda, pois a primeira é destinada àqueles passageiros que serão os próximos a embarcar e a outra para os que embarcarão somente na próxima viagem, devido nem tanto ao baixo número de assentos, mas à falta de espaço no corredor – fato claramente lamentado pelos cobradores, que desejariam formar três filas dentro da perua. Quando os da primeira fila subirem, a segunda se transfere para o espaço da primeira, tornando-se primeira e possibilitando que uma nova fila surja.
De dentro da lotação o cobrador é mais do que o co-piloto. Além de ajudar o motorista, avisando quando as portas podem ser fechadas, colocando a mão para fora da janela para facilitar a mudança de faixa, ele ajuda senhoras e senhores de idade a descer e subir da lotação, passando o cartão para eles e girando a catraca, avisa aos perdidos aonde se situam os locais nos quais devem desembarcar e colocando bolsas, malas e outras bagagens na parte da frente da lotação para que os carregados possam passar no meio dos outros sem causar. No final da viagem, eles descem e o cobrador entrega os pertences pela janela. Além disso, ele também é o responsável por zelar pela ordem e dentro da perua nos momentos mais críticos, controlando até que ponto os passageiros de fora podem embarcar, numa espécie de “apertômetro” – até que ponto a pressão do aperto dos outros e do contato com o corpo alheio não é prejudicial à integridade física própria. Este senso é variável e, às vezes, tem-se a impressão que está desregulado:
“vamos subindo mais um degrauzinho para poder fechar a porta”
“pessoal aí do fundo, dá mais um passinho pra trás por favor, pra quem está na catraca poder passar”
“quem ta aqui na frente e vai descer, já vai passando pra trás porque não pode descer pela frente”
“ fecha a dois”
A “dois” seria a porta da saída, a mais controlada nos momentos de lotação, para que espertinhos não resolvam entrar por trás e não pagar passagem. Vez ou outra, quando a situação é muito crítica mesmo, é até permitido que os passageiros embarquem por trás, contanto que, antes disso, entreguem o cartão pela janela ao cobrador, que o passa no visor e gira a catraca, contabilizando a passagem. E assim a viagem decorre, de ponto a ponto, às vezes um pouco apressada, realizando o motorista manobras arriscadas em alta velocidade. As viagens são cronometradas, têm um cronograma de horários que precisa ser cumprido, principalmente quando se trata da última viagem do dia. Olho pela janela. Um tanto quanto distraída, quase me esqueço de dar o sinal. A porta já se abriu. Apressada, passo por entre os passageiros em pé, cheios de sacolas, bagagens e mochilas, e grito ao cobrador: “Vai descer!”
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