terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Retrato de uma terça de carnaval: entre o visto e o apreendido

À procura de uns sambas, topei com uma senhora - austera, imponente, mas aberta a perguntas. Era só chegar com jeito e começar a conversar para aquela austeridade toda se dissolver e se reverter em outra coisa.

Foi assim que comecei a viajar... percorrer suas ruas - as veias de suas entranhas, - reparar nos detalhes de seus prédios cuja diferença explícita compõe em seu conjunto uma paisagem lógica, com sentido, mas nem sempre tão compreensível para quem olha de longe, à primeira vista. Era como numa hipnose - quanto mais procurava entender o que estava vendo e achar o meu destino, mais me perdia e me fascinava com os labirintos que se formavam a minha frente. Até que desisti e me entreguei aos caprichos dos caminhos. Seriam eles que me conduziriam daqui pra frente - não qualquer caminho, mas aqueles que mexiam com meus sentidos, coisas que eu nem sei explicar como e por que.

E do mistério nasceu a sensação de que nesta cidade, como na vida, não basta saber, conhecer e seguir o que este conhecimento ou a experiência te diz. O interessante é se deixar levar pelo desconhecido (sim, aquela força que parece magnética, mas sem muita explicação física, mas sim energética), seguir aquilo que nos atrai e ver como isso se relaciona com o nosso contexto já pronto para criar uma outra realidade.

Agora, sei que saí, não buscando o carnaval, mas sim tentando retomar esses meus sentimentos mais curiosos, mais profundos por algo que ainda não sei bem o que e como é, mas que é preciso explorar para poder significar.

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E no samba fez-se a alegria,
o convite da fantasia
sem querer, revelou-se a mim
que mal sabia, mas queria mesmo assim

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