quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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É possível sentir saudades de quem a gente mal conhece?
Como se explica a vontade sem tamanho de ser pessoa próxima de alguém?
De saber dos detalhes da vida, do que acontece, de como pensa, sobre o que pensa, do que ri, do que chora, por que se ilude, como se distrai, quais são os problemas pelos quais passa...

Mais do que vontade... necessidade... porque é como se a sua vida precisasse das histórias, dos dilemas da vida da outra pessoa para poder seguir seu rumo, viver suas próprias histórias, resolver seus próprios dilemas.

Como se, na verdade, essas vidas se conversassem há tempos, quando contávamos a nós mesmos os nossos casos, mas só agora puderam se conhecer pessoalmente e compartilhar

E não há dúvida que dilua essa certeza
que mais do que intrigar, revela o quão inevitável é o querer,
o sentir que vem de não sei onde, de não sei quando, mas que se concretiza
após cada gesto e olhar de cumplicidade,
compondo um espectro energético que nos alimenta interiormente,
traçando uma composição perfeita, no qual linhas e curvas dividem caminhos,
pontos e linhas viram figuras bonitas ao se somarem.

3 comentários:

Caroline Tavares disse...

Claudia, talvez uma parte dessa saudade seja a projeção/imaginação do que pode acontecer, do que poderia ter acontecido, do potencial em aberto de tudo no mundo.

Agora mesmo ando sentindo uma saudade parecida com essa, que nutre e alegra, que é leve, que muito provavelmente é fantasia, mas e daí??

Lembrei de uma conversa que tive há tempos, com alguém que falava algo sobre primeiras impressões e possibilidades futuras e disse que às vezes se via pensando: será que eu estou inventando?

Importa?

Claudia Sciré disse...

não, não importa! o q importa é sentir!

priscila disse...

clau, que bonito isso!
confesso que me identifico demais com esse sentimento.
é impressionante a necessidade de cumplicidade.
me sinto assim inclusive com as pessoas que eu entrevisto ou entrevistei nas minhas trajetórias de pesquisas...