sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Melancolia do adeus

E quando chega a hora de partir,
mesmo aquilo que não foi, não pertenceu, não fez sentido, não significou
gera, ainda assim, um aperto esquisito no peito

Seguido de uma pergunta que não quer calar...
Mas por quê?
E em que parte das minhas memórias eu encaixo tudo isso?

E depois de tanto embate, sofrer e crises,
onde devo colocar toda essa parte de mim?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Viva a vida. Tenha vida. Curta a vida

A vida enclausurada não é suficiente
é preciso circular, fazer girar sentidos,
que vêm e vão, refazem-se,
Histórias que se reinventam.
No contínuo pulsar do tempo e levar dos ventos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Carta aos 28

E assim vocês se foram... Mais um ano.
E que bom que descobri no último dia de vocês que eu sou a dona da história. E que isto significa ter o controle do tempo - não de todo o tempo do mundo, mas do tempo que eu quiser.

A vida como aquarela: o vai e vem dos movimentos, arranjos e rearranjos. E eu com um lápis para eu desenhar o que eu quiser. E com o guarda-chuva nas mãos. Não mais o medo da chuva, eu sempre levo o guarda-chuva.

Eu soube, ao longo destes anos todos, prevenir-me e também levar, para além do guarda-chuva, um lápis para comigo. Para eu desenhar o que for preciso para me proteger e escapar dos perigos.

Não gostou, fale. Essa é a lição que eu levo. Sem tê-la clara, fui capaz de conhecer o lado mais obscuro e sombrio de mim mesma. E não gostei. Estou falando agora.

Eu quero o arco-íris. Eu quero todas as coisas que eu quiser pintar. Um colorir para a minha vida. Chega de cinzas.

Voltar a dançar. Na chuva e no sol. Não há mais nada além disso. É desse colorir e descolorir que a vida é feita. Para os 29, quero muita cor.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Antítese do bem

A gente descobre o que nos faz mal num momento de antítese. Quando simplesmente não estamos em contato com "a coisa".

A vida aí é simples, fácil e leve de se levar...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O tempo do não-tempo para si

É duro ir dormir pensando que o dia seguinte será no mínimo muito igual a todos os outros. E que o tempo passará e tudo permanecerá como deve ser. A mudança só se fará sentir no momento em que a ampulheta do tempo das coisas for quebrada. Ou, no mínimo, convertida a enfeite das areias que movem o tempo da vida - a minha vida.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sorriso na alma

É como se estivesse vendo o mar...
Aquela brisa e a certeza de que assim como as ondas, os acontecimentos vão e vêm, cada um trazendo sua dor e delícia próprias
Vontade de correr pela praia, correr até não aguentar mais.
Vontade também de caminhar, seguir caminhando pela areia, olhando para a imensidão invisível do final da praia, mas sem querer enxergar o fim...
Andar só contemplando a paisagem
Com calma
E certeza
De que  fim chegará quando se menos espera
Mas enquanto não chega, a paisagem é bela...
Leveza do ser
Impulso
Vontade de ir em frente
Sorriso na alma

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Do fim da tristeza e do que a dança ensina

E ela estava lá, acuada - a menina por de trás da moita, só observando assustada o que acontecida a sua volta. E cada vez mais, a cada vez que se defrontava com o desagradável, o não desejado, com aquilo que incomodava, tratava de absorver tudo aquilo, como numa necessidade esquisita de "fagocitar" o mal... Mas por mais boa que  a menina fosse, não conseguiria jamais realizar a proeza de não se afetar com tudo aquilo - então adoecia. 


Nestes momentos de convalescença, nada mais vinha a sua cabeça além da sensação triste de que além de não ter sido capaz de matar o mal, o mal a estava transformando em algo muito diferente do que era e do que gostaria ser. E os momentos bons eram vividos com medo, e os maus esperados como num combate - era preciso reagir a todo momento... 


Nada mais injusto, pensava a menina, ela, tão boa, sofrendo as consequências da maldade das pessoas e do mundo. Não entendia, porém, que não precisava querer abraçar todos os males do mundo - tantos eram os estímulos, e tantas as situações desagradáveis, que ela não via como não reagir daquela forma. E aí caía e ficava lá n chão, mais uma vez à espreita, na moita, esperando pelo pior... não havia remédio que curasse toda aquela dor.


Certo dia, a menina sentiu saudades de suas aventuras, risadas e de como era livre despreocupadamente... E neste momento se espantou de como havia sido forte um dia. Forte a ponto de não deixar que nada, por mais esquisito que fosse, se aproximar e a derrubar.


Foi assim que, como boa dançarina que era, resolveu fazer sua dor dançar. E ela, dançou junto - da forma como havia aprendido com seus mestres: sem perder o equilíbrio e sem medo de encarar de frente o parceiro, crescendo e trazendo para a dança toda aquela energia, vontade de viver e leveza que possuía em seu interior, revelando-se em cada passo e cada gesto como a dama que faz e acontece - a rainha do baile.


Pois não importava que o parceiro fosse ruim, cabia a ela ser o que era, olhar pra dentro e fazer o que fosse para transmitir a sua verdade. E ela era boa! E a dança a ajudava a trazer tudo aquilo que estava ali, naquele fundinho, guardado, mas que se ampliado não deixava margem pra que nenhuma dor, tristeza ou medo se aproximasse. E assim, ninguém a segurava - segura de si que era, por estar lidando com o que de mais real e sincero brotava de sua alma. Dançando, ela era ela, mais do que nunca...


Afinal, ela era muito feliz - por ser quem era e por resgatar tudo aquilo. Aquilo que a fazia sorrir e viver na leveza de antes...Do resto,o tudo havia sido um processo de reconhecer o mal... e aprender que seria preciso encará-lo nada além de um parceiro de dança - que vem e que vai quando se acaba a música.





quarta-feira, 4 de julho de 2012

Do tempo da colheita

Aos poucos, o resgate vai ficando mais claro... escolhas tomadas anteriormente vão recuperando o sentido, depois de uma série de vivências que com suas alegrias e sofrimentos, trouxeram mais do que nunca a certeza que se está no rumo certo. A estrada é mesmo tortuosa, não é fácil o caminho que leva á autonomia do pensar, mas o importante é que ao longo de seu andar, aprendemos a lidar com nossos próprios medos e valorizar o que aos poucos nos vai sendo concedido. É hora de começar a colher os frutos semeados num momento em que nem se pensava em crise...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Resgate

E um dia ela se decidiu por não mais aceitar aquele estágio que a tornava cada vez mais refém de si mesma. Era o mês de maio e ela estava começando a reagir... Mas para isso, sabia que não dava para fugir das coisas que mais faziam sentido a ela, de tudo aquilo que a havia tornado quem ela era. Não, tudo fazia muito sentido e era preciso voltar àquilo que lhe era mais verdadeiro e que aos poucos havia sido esquecido, posto de lado e abandonado num canto qualquer da sua vida. Tudo precisava, ainda que de outra forma, voltar á cena principal.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Ausência

Esse negócio de escrever sobre a ausência é meio esquisito
estranho escrever sobre algo que só se constitui pelo não ser, não-estar
Falta de alguém querido, capaz de gerar as mais profundas angústias
Mas afinal, o que significa sofrer com a falta?
Até que ponto é legítimo sentir os efeitos que um não-estar-junto causa em nosso peito?
Serão todas aquelas angústias e desejos de se acercar do distante válidas enquanto sentimento?
Às vezes acho que a ausência é parente do amor
Por mais que se trate de um sentimento tão difícil de aceitar...
Pois mais do que sintoma, ela é efeito direto que o amor causa
Como se ao mesmo tempo servisse pra provar que o amor existe, mas que também faz chorar quando ele não está
Mas a ausência tem poder, porque é ela que gera ação
Ela é um dos vetores pelos quais o amor se faz sentir... sim, porque o amor não só se constrói de sentimentos que alegram o peito... estes só se fazem quando a ausência se afasta, mas voltam à memória quando ela está presente e outros sentimentos entristecem o peito. É aí que ela gera a busca para a sua própria superação
A ausência é o lado imperfeito do amor