Essa noite acordei em lágrimas.
É que de fato, no sonho, eu chorava.
Choro de alegria e de emoção por rever uma pessoa que até então eu julgara sem muita importância em minha vida, mas cujo reencontro me trouxe uma série de lembranças e sentimentos.
Era Frau Kahl - minha antiga professora de matemática da Henri Dunant Realschule.
Se ela tinha uma aprência dferente da real no sonho, nao impota. Eu viera trazer o meu irmão para cursar a 9ª série e acabara de colocá-lo dentro da sala de aula. Havia conversado com seu professor sobre ele - algo que não havia acontecido comigo, quando esta situação realmente aconteceu.
Até hoje me lembro deste dia - um dos mais marcantes e desafiantes da minha vida: eu lá, em frente à porta da sala de aula, acompanhada por meus pais e pelo diretor, mas teoricamente sozinha, pois ninguém poderia falar nada por mim.
Tímida, fui chamada a entrar na sala por Frau Kahl, que pega um giz e pede qwue eu escreva meu nome na lousa ao olhar dos alunos atentos.
Depois, o tempo foi passando, eu fui me acostumando àquela sala, aos colegas estrangeitos e fui aprendendo o alemão, embora falasse muito pouco com todos e ficasse muito na minha durante todo o tempo.
Ah! Como eu queria poder falar bem para poder contar um monte de coisas àquela sala...
Certo dia, tive que vir embora para cá. No último dia de aula, Frau Kahl veio até a minha casa despedir-se de mim, já que a confusão da escola e outros imprevistos haviam-na feito esquecer deste meu último dia de aula.
Na hora da despedida, eu chorei. O mesmo choro compulsivo e infantil do choro do meu sonho, no reencontro. Choro que simbolizava não só uma sensação de não ter feito tudo o que queria e que teria que haver uma outra vez para mim, uma vez em que fosse diferente e que eu pudesse mudar de atitude. Mas também, choro que, de alguma forma, simbolizava o meu muito obrigado por tudo, em meio àquela situação adversa que havia enfrentado.
Talvez enquanto adolescente, eu não tivesse percebido aquilo no momento e mal chegava a dar tanta importância Frau Kahl, perto de algumas outras colegas que tive.
Mas o sonho me fez reviver um reencontro que eu não tive a oportunidade de realizar na segunda vez que estive por lá. Hoje vejo que gostaria mesmo de tê-la reencontrado...
O que fiz por meu irmão no sonho tratou-se de uma prova para mim mesma que eu consegui reescrever a minha própria história de uma outra maneira. Uma questão pessoal.
Pois a sensação que eu tinha ao deixar a Alemanha pela primeira vez era de impotência: o tempo havia passado e eu não conseguira, ao meu ver, me mover muito. Mas nao, hoje vejo que venci. mesmo com ressalvas, venci ao superar as dificuldades que se colocaram para quem é de fora e totalmente diferente.
A minha volta ao país foi não só uma maneira de reviver todo aquele sentimento, mas com a vantagem de agora acreditar mais em mim - acreditar que dessa vez seria diferente e que eu aproveitaria mais todas as chances. De fato, a segunda vez foi só um complemento à primeira e hoje eu sei disso mais do que nunca.
E o sonho veio como uma oportunidade de demonstrar que eu havia vencido à pessoa que eu não havia tido a oprtunidade de reencontrar nessa segunda vez.
Hoje, como professora em formação, entendo o seu papel em minha vida e envio o meu Vielen Dank Frau Kahl. Aonde quer que você esteja.
Um comentário:
É, sonhos podem ser explicativos e reveladores. Como cartas que escrevemos (e que não precisam ser enviadas) têm o poder de fechar ciclos, resolver o que estava em suspenso, colocar pontos. Beijos.
Postar um comentário